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sábado, 31 de maio de 2014

Política

Veja abaixo aspectos da política apodiense





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Novo blog Tudo de Apodi

Queremos neste espaço pedir desculpas a nossos leitores visto que estamos com problema no blog Tudodeapodi.blogspot.com Agora Estamos trabalhando para resolver este problema. Assim você pode acessar este blog www.tudodeapodi1.blogspot.com.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Carnaval 2014 em Apodi-RN


Esta página é dedicada ao carnaval 2014 de Apodi. Seja bem vindo(a). Encontre aqui informações importantes sobre nosso carnaval

Grupo do Carnaval de Apodi no facebook

domingo, 26 de janeiro de 2014

Dos 30 aos 40 - Paulo Filho Dantas

“Esse olhar triste e cansado
Experientes aos outros olhares
Que já cruzou diante mares
Ainda hoje pouco navegadores,
Procuram na noite solidária,
Uma figura certa para ficar
E não encontramos desperdiçar
O brilho numa situação lendária

Raro olhar que admiro
Em qualquer noite semanal
Mexe comigo em sinal
Perturbando meu sonho ao suspiro
De uma lágrima chorada sozinha,
Ao despertar de outra aurora
Acordada sem tempo sem hora
Lamenta naquele jardim à tardinha

Um dia desses vou conseguir
Desterrar os segredos mais ousados
Que esse olhar esconde disfarçado
Pelo falso e enganoso sorrir,
Trazendo à minha tediante realidade
Todo suplico em delírio abrasador
Por trovas cantadas a um amor
Fracassado e amargurado à meia-idade’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

sábado, 25 de janeiro de 2014

Presença - Paulo Filho Dantas

“Ao aproximar-se de mim
Posso sentir além da pele
Um calor que queima
A boca sua impele
A minha ao toque entreaberto
Dos lábios flâmulos famintos
E de um sorriso seco-limpido
Aquecendo pelo momento recinto

Tua presença inquieta o universo
Que guardo por completo inteiro
Me fazendo agir como uma
Inocente idiotia, em primeiro
Acaso que não hesita no penetro
Do seu olhar lúdico
Bem no intimo do meu agora
Etério, ébrio, sóbrio e lúcido

E mesmo tentando te encontrar
Ainda procuro inúmeros modos
Coloco minhas mãos em leves
Movimentos frios, porém briosos
Que escorrega em cada
Centímetro de pecado que possuis
Sem temeres me domina
Encanta-me e me seduz

Dias e dias passaram
Passam e ainda virão
Me olfato só reclama
Teu cheiro e a visão
O reflexo do amor profundo
Escondido num horizonte
Que pouco a pouco conheço
Quantos estás, todinha, á fronte

De um olho que te vigia
E o outro que te idolatra
Até que as vezes a esperança
Foge, voa, se toma sacra
Ao meu alcance ou assim
Distante ao meu coração perguntar
Se no futuro eu terei
Toda doçura dos teus lábios beijar

Do aproximar-se de mim
Renova a certeza presa
Estampada naquele noturno
Céu de divina beleza
Onde nem por um segundo
Sequer esquece o corpo teu
Sonhando e sedutor sorriso
Que entre prosas um amor nasceu’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sem sentido - Paulo Filho Dantas

 “Mas você ainda está ai?
Quem pensar que sois?
Rouba minha razão e os nervos
Da pele queima e depois?
Abandona-me como entende
Por bem saber jogar o jogo
Da sedução e foge igual
Espectro rindo em fogo

Maltratando-me embora temendo
Um segundo ser julgando-a
Pueril infante sem graça
Sem chance encarando-a
Com desdém inestimável
Esquecendo que é a vítima
Também de um egoísmo
Estampado numa imagem nítida

Num instante é possível tocar
Teus cabelos, teu rosto, tua mão,
Só não consigo adentrar ainda
Os segredos guardados no coração
Já feridos e quase desistente
Já cansado de tanto batalhar
Contra um inimigo pouco comum
Pensando no agora hoje se entregar

Mas para tudo existe uma última
Tentativa ou cantada final,
Talvez estratégica, tática ou mira
Quiçá um beijo, uma rosa imortal
Que dure até o fim dos templos
E simbolize as cinzas flutuantes
E ares semiáridos flutuantes
Que jazem em vielas amargurantes

Em cidade una, pequena inspiradora
Solitária para muitos em suas
Criaturas juvenis simplórias, mundanas
Se perdendo, se entregando às ruas
Que tudo pegam e nada perdoam
E por mais que tentemos
Sempre alguém vai existir,
Vai aparecer com tentações
Ofertadas para a outro seduzir

Vejo que a vida me envelhece
Ensinando aquilo que procuro,
Acendendo um vela para claro,
Apagando essa mesma luz escura
Insensível é aquele que
Não percebe uma presença imaterial
Corpos são capazes de enlouquecer
Deixando-me sem sentido e imoral’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

De profundis - Paulo Filho Dantas

“Mar triste mar
Navegado por aqueles
Estão entre eles
O céu cintilante
Afogando as lágrimas
De marujos bravios,
Correnteza dos rios
Levada de imigrantes

Saudoso mar azul
Melodrama da aflição
Combatendo na emoção
Minha sina poetizada
Pelo saber amoníaco
Em águas profundas
Que tão secundas
Se destina iconizada

Mar de além ar
Um horizonte perdido,
Seu olhar proibido
No vital oceano
Lembranças de ti
A alma recorda
Num porto milano

Vento do mar
Que embala cabelos
Em todos janeiros,
Primaveras que são
Encrespam tuas ondas
Marulhentas e sápidas
De superfícies marítimas
Lacrimeja o coração

Ares do mar
Perfumam a paisagem,
Encena na imagem
Companhia do navio
Levada pelo destino
Por tortuosas veredas
Noite tão acessa
O pensamento desvio

Recordo esse mar
Igual porto distante
E assim doravante
Traduzindo o sentir
Que no peito
Trago trancado comigo
Por ela castigo
Sofrer me partir’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

COMUNICADO

O CENTRO HISTÓRICO - CULTURAL TAPUIAS PAIACUS DA LAGOA DO APODI, convida toda comunidade apodiense para participarem da 8ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos promovido pelo Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CRDH/UFRN), será exibido um filme " As Hiper - Mulheres".

Local: Casa de Cultura Popular
Dia: 24 de janeiro de 2014
Hora: 14:00h.

Retiro de Carnaval da Igreja Batista de Apodi


Só o futuro nos pertence - Paulo Filho Dantas

“Se o destino desfolhar
Dois caminhos diferentes
Nadando contra a corrente
Vou procurando por ti
Se o destino impossibilitar
Dois olhares apaixonados
Entre beijares adocicados
Que dera você aqui

Se o destino impuser
Sem motivo ou razão
Por ódio e traição
Que separemos de vez,
Buscar-te-ei cada momento
Em qualquer lugar,
Sol e sol, outro luar,
Numa outra vida talvez

Se o destino insistir
Mesmo sabendo do difícil,
Problema que sobra orifício
Onde fujamos num voo
Com as asas abertas
Num rincão bem feliz,
Marcado pela cicatriz
Da canção que entoo

Se o destino esquecer
Que quando se ama
Um rapaz e jovem dama
Se deseja muito além
Como fonte d’ água clara
Saciando a sede desértica,
Renovando sempre colérica
Nas origens que advém

Se o destino implorar
Que sigamos outros caminhos
Rumos tortos em espinhos
Que nos furam o coração
Ao penetrar pontiagudo
Nossa alma adentrando
E mesmo não adiantando
Tudo é esforço vão

Se o destino desistir
Brindaremos nossa vitória,
Envolto fruto eterna glória
Em nome do amor fiel,
Tocada ao doce som
Afiada no corpo mortal
Encarno do espírito sentimental
Harmônica lua de mel’’

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

Subsídios para a história da toponímia apodiense - "Baixa do Muriço e Açude do Muriço" - Por Marcos Pinto


O estudo da toponímia deriva de trabalho investigativo em documentos oficiais, tais como inventários, relatórios topográficos, escrituras públicas e particulares, além de também consubstanciar-se na tradição oral, que transmite informações históricas de geração à geração. É bem verdade que a tradição oral, nas mais das vezes, fixa na memória popular fatos totalmente divorciados do cunho da verdade histórica. As denominações toponímicas estão sempre ligadas à imagens recorrentes, fixadas pelo homem em sua inter-relação com o ambiente que escolheu para fixar moradia. Partindo deste contexto, adentremos na história da BAIXA DO MURIÇO e AÇUDE DO MURIÇO.

Assim como o humilde agricultor denomina de Lagoa do "Quelementino", empregando a corruptela do nome Clementino, também deu origem a mais uma corruptela popular, quando denominou a segunda baixa ou declive, de quem desce a serra de Apodi pela BR 405, como "BAIXA DO MURIÇO", cujo nome "Muriço" deriva do nome do Sr.FCO MAURÍCIO FERNANDES, natural do sítio "Caatinga", em Caraúbas-RN. Maurício, ou "Muriço" chegou em Apodi no ano de 1930, onde casou com JOANA ANGELINA LEITE, filha de Maria Baralho, a quem pertencia ditas terras compradas por "Muriço", que casou em segunda núpcias, por viuvez, com a Sra. MARIA COSTA, nascida no sítio "Santa Rosa". O velho "Muriço" era compadre do maior caçador de nambús do Apodi o Sr. Euclides Costa, residente na rua Marechal Floriano.

Nas terras que compreendem a "Baixa do Muriço" encontra-se instalado o posto de combustíveis do Sr. Luizinho de Lucas de Bréu (Bebel), observando-se um pequeno açude em suas imediações, situada na margem da BR-405. Esse pequeno açude teve sua origem no ano de 1948, quando foi feita a estrada de rodagem ligando Apodi à Mossoró, tendo sido feito serviço de aterro naquele trecho, sendo certo que tal aterramento fez com que a estrada servisse como parede de açude. 

Antes da estrada ter sido feita, esta baixa do velho "Muriço" dava passagem a parte das águas pluviais que desciam da serra, o que dificultava o trânsito de veículos, formando atoleiros. Há um fator preocupante nesta famosa "Baixa do Muriço", que é o aterramento feito pela Prefeitura do Apodi, dentro do leito do açude, em cujo aterramento está sendo feita pavimentação com paralelepípedos. Com certeza, durante o período invernoso haverá sérios transtornos para as casas que se situam naquele entorno do "açude do Muriço", posto que diminuirá o espaço por onde as águas invernais fluíam. Do primeiro casamento do velho "Muriço" nasceram os filhos Francisco Fernandes Neto (Chico de Muriço), residente em Mossoró; João Maurício (João de Muriço); Raimundo de Muriço; Maria, Nestor, José e Luzia. Do segundo consórcio nasceram os filhos Manuel (Baduca), Antonio, Raimunda e Mimosa. Em 1955 o Sr."Muriço" vendeu ditas terras ao Sr. Izauro Camilo, ex-prefeito de Apodi. A "Baixa do Muriço" e "Açude do Muriço" são dois topônimos que desapareceram nas cinzas do tempo.

Copiado do: Blog Potyline
Por Marcos Pinto - historiador apodiense

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Amar que amo - Paulo Filho Dantas

“Amar que difícil amar,
Entregar-se por completo
Corpo e alma sem preconceito
Esquecendo dos segredos além-mar

Mas complicado amar amando
Alguém de verdade só seu,
Tocá-la, senti-la e abraçar
O corpo honrável chamado

Por amar seu amor sincero,
A qualquer horário incerto,
Despreocupado com o tempo
Que percebe um perfume esmero

Descobrindo amar quem amou,
Num dia quente ou numa
Noite fria nua e impassível
Toda possibilidade que marcou

O amar mais sublime amado
Que não consegue corresponder
De momento todo sentimento
Envolvido num coração afogado

Por amar sem medidas, mas ama
Sem fugir da sombra cinza,
Da verdade crua em sangue,
Escrita por lágrimas na quente cama’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

Subsídios para a história da toponímia apodiense - "Baixa do Velho Olegário" - Por Marcos Pinto


A história da toponímia Apodiense traz em seu bojo um intrincado campo de interrogações quanto às origens referenciais atribuídas a pessoas, lugares e coisas. Neste contexto, adentremos a história da antiga "BAIXA DO VELHO OLEGÁRIO", denominação que só perdura na memória dos que já atingem a idade de 05 lustros (Cada lustro equivale a 15 anos). Esta baixa começa no sopé da ladeira de Apodi, cortada pela BR-405,em cuja gleba de terras encontra-se atualmente instalada a fonte de água mineral denominada de "Cristalina do Oeste". Este topônimo perdurou até a década de 1950, sendo totalmente desconhecido atualmente. 

Recebeu a denominação popular de "BAIXA DO VELHO OLEGÁRIO", em decorrência do seguinte fato: No ano de 1950 chegou em Apodi o Sr. OLEGÁRIO INOCÊNCIO DE MEDEIROS, vindo dos sertões do Seridó, onde nasceu na fazenda " Do-minga" do município de Caicó, primitivo feudo territorial da famosa família MEDEIROS, com origem em Portugal. OLEGÁRIO era filho legítimo de Manoel Inocêncio de Medeiros e de Mariana Maria de Medeiros. Casou com sua prima em primeiro grau civil duplicado, conhecido como "Prima carnal", VIRGÍNIA VIRGÍLIA DE MEDEIROS.

Ao chegar em Apodi, de imediato comprou pequenas glebas de terras, anexas umas às outras, aos Srs. Felizardo e Júlio Jagunço, sendo certo que este Júlio recebera o apelido de "jagunço" por ter sido um dos muitos fanáticos romeiros do famoso Padre Cícero Romão Batista, e ter residido na fazenda do mesmo Padre Cícero, cuja fazenda recebera a denominação de "CALDEIRÃO" em cujas terras se estabeleceu o famoso Beato José Lourenço à frente de uma comunidade rural religiosa formada por ele. Segundo familiares do Sr. JÚLIO JAGUNÇO, o mesmo chegara em Apodi no ano de 1936, fugindo da perseguição empreendida pelo governo do Ceará às pessoas conhecidas como "Jagunços do Caldeirão". Viera acompanhado por uma irmã de nome Júlia e de um irmão por nome Manoel Jagunço. Em Setembro de 1936 houve o primeiro movimento de repressão à "Comunidade do Caldeirão". 

Daí o motivo do êxodo dos irmãos "Jagunços" para o Apodi, acompanhando muitos Apodienses que tinha ido para a fazenda "Caldeirão" e que foram resgatados naquele rincão cearense em um caminhão do coronel Lucas Pinto, que acolheu-os na volta, protegendo-os de possíveis perseguições da polícia cearense. A brutal repressão aos infelizes camponeses/romeiros da fazenda "Caldeirão" deu-se no dia 12 de Maio de 1937, quando aviões sobrevoaram a fazenda, metralhando e soltando granadas sobre os casebres dos camponeses, fazendo um número desconhecido de vítimas. Foi um genocídio bárbaro. Homens, mulheres e crianças foram covardemente chacinados, atingidos por granadas atiradas dos aviões, acrescidos aos tiros e baionetas dos mais de 200 homens do 1º Batalhão de combate da Força Pública do Ceará, que de forma ensandecida atacaram a fazenda "Caldeirão". 

As mortes foram tantas que os cadáveres eram enterrados em valas coletivas ou empilhados, para serem incinerados com gasolina, numa grande fogueira. É desconhecido até hoje o número de vítimas do massacre. Especula-se, entretanto, um número entre 300 a 1.000 mortes. (FONTE: Vide livro "PRECEDENTES E VERDADES HISTÓRICAS - PARTICIPAÇÃO DO NORDESTE NA LUTA DO POVO BRASILEIRO" - Autor: Rubens Coelho - FVR/ Coleção Mossoroense - Série C - Vol. 1492 - Outubro de 2005).

A informação quanto à terra de origem dos irmãos Jagunço nos foi transmitida pelo Antonio José de Andrade, popularmente conhecido como Sêo Antonio Broca, que tem um filho casado com uma neta do Sr. Manoel Jagunço, que foi o único que ficou em Apodi, tendo os dois irmãos Júlia e Júlio Jagunço retornado para o Ceará. Dos filhos do VELHO OLEGÁRIO, somente o filho de nome GERALDO OLEGÁRIO reside em Apodi, onde constituiu família. Sêo Olegário e demais filhos retornaram para o Seridó.

Copiado do: Blog Potyline
Por Marcos Pinto - historiador apodiense 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Socorro Fernandes - Educadora

A inesquecível educadora MARIA DO SOCORRO FERNANDES nasceu no Sítio Amazonas, município de Brejo do Cruz – PB, no dia 14 de outubro de 1950, filha de Sebastião Fernandes de Arruda e Luzia Amália da Silva. Entre as décadas de 1960 e 1970, mudou-se para Apodi em companhia de seus pais, passando a residir no Sítio Pitombeiras. 

Entusiasmada pela vida, aprendeu muito jovem os segredos da arte mágica de confeccionar roupas. Porém, apesar de costurar com bastante habilidade, o que mais lhe fascinava era o quadro negro e o giz, por isso, seu grande sonho era ser educadora. 

Casou-se com o apodiense Edilson Gomes de Melo, dessa união nasceram quatro filhos: Jaína, Jailma, Jânio e Jenina, os quais foram educados sob seus caprichos de mãe verdadeira, frequentando a Igreja de Cristo, colhendo nas palavras do evangelho, a sabedoria que liberta os humanos da escravidão do pecado e da ignorância. 

Sua trajetória estudantil, iniciada nas terras paraibanas, onde cursou o primário, continuou em Apodi, com a conclusão do segundo grau através do Projeto Logos II e terminou em Mossoró, nos bancos da UERN. Nesta, Socorro diplomou-se em História. Porém, para cursar o ensino superior a estudante arrojada teve que se confrontar com muitos martírios, entre estes a necessidade de trabalhar dois turnos em prol do sustento de sua família e a coragem de enfrentar a esburacada BR-405, num ônibus universitário superlotado com poltronas sorteadas. Sua luta espinhosa foi coroada com os louros da formatura acadêmica. 

Sonhadora, realizou em vida tudo o quanto almejara. Começou a ensinar numa escola da rede municipal de ensino no Sítio Pitombeiras em 1975. Mais adiante, transferiu-se para a cidade de Apodi, passando a lecionar na Escola Estadual Ferreira Pinto. Suas aulas, voltadas para a realidade humana da vida, foram lições de dignidade para muitos de seus contemporâneos. Partiu em 27 de julho de 1997. Seu idealismo continua vivo, inspirando a mente daqueles que tiveram a felicidade de receber seus ensinamentos

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci Viana

Musa inspiradora - Paulo Filho Dantas


“Impossível lhe negar o sorrir
Após todo aquele acontecido
Por seu olhar percebido
Naquele quarto ao mentir

Dos meus lábios ressecados
De extrair mel dos teus
Ouvindo sua voz que prometeu
Nova vida, novo perdão remediado

Ao amargo gosto te recomeço
De uma dúvida que surgia
Acabando de vê com a orgia
Nos sentida no idem apreço

Talvez una neste mundo
Injusto, cruel e dubitável
Que assanha o impensável
Pensando egoísta mais profundo

Sentindo o peso da traição
E sem choro, vela ou gemido
Parece que nunca cessar castigo
Esse, me propondo destruição

Essa musa, cuja rara beleza
Inveja qualquer poeta lírico
Ao procurar seu real onírico
Aquele mesmo criado pela natureza’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

domingo, 19 de janeiro de 2014

Teodora Beltrão

TEODORA MARIA DE FREITAS, mais conhecida por "Teodora Beltrão" nasceu no Pé de Serra, Apodi-RN, filha de Luís Manoel Rosário e Maria Vicência de Jesus. Casou-se com o senhor João Batista de Almeida, vulgo João Beltrão. 

Segundo o grande historiador apodiense José Leite, em sua celebrada obra “Flagrantes das Várzeas de Apodi”, a senhora Teodora Beltrão, foi uma exímia costureira nas décadas de 40 a 50. Suas especialidade era costurar roupas masculinas. 

Ela residia no “Alto da Theodora Beltrão” que ficava na saída para o Sítio Córrego. 

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci Viana 

Balada da tarde - Paulo Filho Dantas

“Vida se dissipa
Como rio ao buscar
Oceânicas águas a navegar
Pelos lábios entreabertos
Da boca úmida morna
Que o beijo tocar e sente
A língua trêmula dormente
Viajantes a locais incertos

Tentando encontrar insolidão
Companhia desejada em saudade,
Por apaziguada como caridade,
Pelo menos nesta noite
Enevoada por fria neblina
Recaindo sob minha face,
Relembrando passado enlace
Castiga o corpo em açoite

Se apropria do sentir
O perto que se aproxima,
A distância jovem feminina
Da madrugada quente suada,
Devorando todos os sentidos
Tato, dor que sente
Visão, a alma na mente
Um forma é relembrada

São os dias de juízos
Que embatem o sofrimento
Corpo um pesar sentido
Étero ser embriagador
A trovoada ecoa feito arma
Disparada contra a ventania,
Desprezo da própria alegria
Difusa num raio abrasador

Os meses só aumentam
O pulsar dos abertos veios,
Pesadelo é real devaneio
Por não tê-la comigo
Agora e para o todo
Sempre da eternidade,
Angústia da materialidade
Avança como mortal inimigo

O teto desta morada
Ameaça-me a cabeça,
Impossível que a esqueça
Minha vida, meu amor
Sentimento voa a procura
Branca pombinha da paz,
Minha sozinha, voe mais
Traga dela o calor’’

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

sábado, 18 de janeiro de 2014

Zilma do Córrego

A líder comunitária ANTÔNIA ZILMA DA SILVA, ou simplesmente "Zilma do Córrego" nasceu em Apodi, em 7 de setembro de 1965. Filha de Manoel Pedro da Silva e Benedita Francisca, agricultores do semiárido nordestino, estabelecidos no Sítio Córrego. Cursou o primário nas escolas do Sítio Córrego e Ferreira Pinto, o ginásio e o segundo ano do Ensino Médio em Mossoró, nos colégios Antônio Fagundes e no Alfredo Simonete. 

Adolescente participativa, em seus anos verdes da juventude foi convidada para exercer a função de Secretária do GRUJOSP – Grupo de Jovens de São Pedro, do Sítio Córrego. Empolgada com o movimento juvenil religioso, Zilma esteve a frente de encontros, reuniões com o pároco e membros da pastoral da terra, sempre debatendo os problemas de sua comunidade. 

Embalado pelo interesse do Grupo de Jovens e preocupado com a melhoria da qualidade de vida dos moradores da comunidade, entusiasta do associativismo, Padre Theodoro Snijders, reuniu, na residência da secretária Zilma, 65 agricultores e fundou, a Associação dos Mini-Produtores do Córrego e Sítios Reunidos, da qual Zilma foi sua secretária fundadora e presidente por duas gestões consecutivas. 
Na qualidade de líder dos agricultores, a jovem gestora empreendeu uma atuação repleta de realizações voltadas para o desenvolvimento humano. Promoveu, em Parceria com o Padre Snijders, cursos de artesanato para a produção de artefatos com palha de milho e de carnaúba e capacitou as mulheres nas áreas de corte e costura, produção caseira de doces e fabricação artesanal da cajuína. Em consequência da sua luta comunitária, sempre respaldada pelo apoio dos sócios da Associação e da paróquia, foi erguida naquela comunidade a sede da entidade, onde as reuniões passaram a acontecer, e duas fábricas uma de cajuína, patrocinada por recursos holandês e outra de beneficiamento da castanha, financiada pelo PAPP – Programa de Apoio ao Pequeno produtor. 

Camponesa e apicultora, em 1997 foi eleita a primeira secretária do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi. É sócia e fundadora da Associação Apodiense e da Cooperativa Potiguar e desta, sua primeira secretária. Em meados de janeiro deste ano, seu nome foi indicado para exercer o cargo de segunda secretária da Federação Apícola do Rio Grande do Norte. 

Mulher dinâmica, apaixonada pela luta comunitária Antônia Zilma continua sua peregrinação em prol do cooperativismo em sua comunidade. Nesse sentido, realizou cursos de apicultura cooperativismo em sua comunidade. Busca, diariamente, parcerias com a Paróquia, SEBRAE, Prefeitura, FETARN e outras entidades que queiram apostar no homem do campo. Também já participou de dezenas de seminários e simpósios em Brasília, Terezina, Recife, Natal e Mossoró, Não para. Por isso, sua incansável luta como líder ruralista merece o aplauso e o respeito do povo apodiense. Atualmente Zilma continua lutando em prol da comunidade de Córrego.

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci Viana 

O sono - Paulo Filho Dantas

“Retiro de tuas profundezas
O encontro mais belo
Da minha alma num elo,
Me levando aos abraços
Fantásticos somente superados
Pela solidão da ilha
Deserta principal quilha
Sedenta sacia o meu cansaço

Tu vens em alívios
Desejados como paz,
Voltando nunca mais
Para o sofrer que invade
Que retorna minha ilusão,
Alucinando o inconsciente
Da vontade seca e carente
Em suores frios da idade

Dominando-me por inteiro
Sem ação fico ao suspiro
Esforço-me a um retiro
Campo da guerra sangrenta
Me perseguindo toda noite
Ou tarde quente mormaço
Calejado estou em fracasso
Sono vindouro mi se alimenta

Sono que faz sonhar
Abraçando lugares em fim,
Habito neles pouquinho assim,
Um pedaço da minha dor
Longe estando faz distante
Também fronteira cercada
Na diurna hora vigiada
Noturnamente liberando o pudor

Nos liberta deste mundo
Uma noite bem dormida
Fortemente sonhada, adormecida
Em canções e hinos celestiais
Que pacifiquem nosso interior
Sem gritos, tortura, agonia
Tiro duma pura fonte energia
Para escrever poesias imortais

Esquece-se o poeta
Da obrigatória leitura
Com a natureza pura
A interar-se me emoção
Faça solo ou faça lua
Amo-te ao hélio raiar
Quando a luna enamorar
E encher de ti o coração’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Campus Apodi divulga edital para seleção de professor do Pronatec


 

O Campus Apodi divulga edital referente ao Processo Seletivo Simplificado para seleção de servidor ativo, professor substituto/temporário, aposentado/inativo do IFRN para atuar como bolsista na função de Professor, no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC). As inscrições de candidatos para as funções estabelecidas neste Edital serão gratuitas e realizadas no dia 17 de janeiro de 2014, na Coordenação de Apoio Acadêmico do Campus Apodi, nos horários de 9h às 12h e das 13h às 15h.Para mais informações acesse edital 01/2014

Alunos do Curso Técnico em Zootecnia promovem programa de rádio sobre prevenção de doenças

Alunos do Curso Técnico em Zootecnia promovem programa de rádio sobre prevenção de doenças

Alunos do Curso Técnico em Zootecnia, modalidade subsequente, com a orientação dos professores Êlika Suzianne e Faviano Ricelli promovem programa de rádio com o objetivo de levar informações para os produtores rurais sobre a prevenção de algumas doenças comuns em bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves.

O programa vai ser transmitido pela Rádio Vale do Apodi - AM 1030, às 8 horas nos dias 18/01, 25/01, 01/02 e 08/02.

Segundo o professor Faviano Ricelli, ”A escolha do rádio ocorreu pois, o mesmo é um veículo de massa, não apenas pela abrangência e capacidade de atingir grandes públicos, mas também pelas facilidades que seu formato proporciona na veiculação de informações, qualidade que não pode ser encontrada no impresso, além de ser um meio muito acessível a zona rural.”

Alunos participantes: Amélia Nascimento, Lídia Rayane, Nayara dos Santos, Nikecia Alessa, Tamires do Amaral, Wesley Dario, Wudson Darlison e Yasmin Edglecia.

Meu chamado - Paulo FIlho Dantas

“Beijar-te
Um desejo
Ensejo
Que tenho
Adorar-te
Um futuro
Imaturo
Que desenho

Tocar-te
Uma pele
Que queima,
Falar-te
Um segredo
Derradeiro
Que teima

Abraçar-te
Um copinho
Quentinho
Que dorme,
Sonhar-te
Um devaneio
Incendeio
Que aporte

Invocar-te
Um chamado
Invocado
Que declame,
Amar-te
Uma vida
Resolvida
Que ame

Compreender-te
Uma sina
Masculina
Que invisto,
Ceder-lhe
Um verso
Impresso
Que insito

Aventurar-te
Um saber,
Fenecer
Que alimenta,
Pedir-te
Um ninho
Carinho
Que atormenta’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Visite o CHCTPLA


Atualmente o CHCTPLA - Centro Histórico-Cultural dos Tapuias Paiacus do Apodi está localizado numa sede provisória em um sobrado amarelo, ao lado da Igreja Matriz de Apodi, na Rua Nossa Senhora Senhora, nº: 194.O Centro é aberto a partir das 14:00 horas. 

Visite o Centro dos Tapuias Paiacus de Apodi e conheça a história indígena apodiense. 



Curtam a página no facebook e fique por dentro de todas informações sobre o Centro. 

O resgate dos Tapuias Paiacus do Apodi

A arte da alma - Paulo Filho Dantas

“Queima de desejo a alma
Sonhadora de tanto pedir
Sem limites a não medir
O esforço de contigo ficar,
Beijar-te a boca começando
Pelo lábio num sutil toque
Escrito estrelar ao anote
Sufocante delírio do salivar

Inflama a alma inconformada
Secante encontro em improviso
União dos espíritos ao aviso
Da surgente estrela primeira
Escorre do teu lírico suor,
O exalo inicial daquele momento
Abafado me foge o pensamento
Da crítica à razão verdadeira

A alma sente o trêmulo anseio
Que invade o átomo primordial,
Formador da inconsciente moral,
Flutuante ao navego solitário
Misturado à bebida dos deuses
Embriagada a memória destina
Uma falha da lembrança feminina
História que a cobre, um sudário

Tua alma clama uma paz,
Aquela felicidade dura conquistadora,
Unção das noites felizes espalhadas
Num quarto úmido salgado
Pelos suores que o tatua,
A fundo cama de motel
Sobe da terra ao céu
Um risco ferido e marcado

Nossas almas são judiadas
Pela distância instransponível
Ficando à margem do possível,
Um reencontro de solidão
Que se distorce objetivando
Duas mãos se tornam acaloradas
Aquecidas e bem amarradas
Ligando corpo, alma e coração

A arte que pratica marcial idade
Purifica a alma em corrente
Dignificando o ser aderente
Aos encantos da bela mulher
Amada, adorada para o sempre
Que imortaliza minha poesia
Poemas de outrora daquele dia
Assoma o corpo se te vier’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ode a morte - Paulo Filho Dantas

“Gélido corpo esfriado
Quem repousa em eterno
Sono porque foi levado
Pelo sopro mortal no inverno

Tua alma vaga noutro mundo
Sua matéria se desfaz
Nessa terra em profundo
Abandono por demais

Subitamente ela chega
Sem aviso ou recado
Sublima tal como seja,
Estando de pé o deitado

Esse passeio solitário
Por vales, montanhas e rincões
Transportando além do imaginário
Sobre – humano em depressões

Não há algo mais misterioso
Do que os segredos que a morte
Traz com o anjo vitorioso,
Negro, tranquilo e forte

Que morra toda humanidade
Sem laços e atribuições
Lendárias à insanidade
Com seus prazeres e paixões

Esse vento frio e pálido
Que fere o semblante tez,
Deixa-me maravilhoso, cálido
À voltar no ciclo que refez

Tivessem toda uma sombra
Que os seguissem ao dia,
À noite seria branca pomba,
À tarde úmida melancolia

Cemitérios me fascinam
Túmulos antigos nos permitem
Assombrações se reanimam
São mortos-vivos que exigem

Uma paz espiritual
Porque os corpos jazem
À terra criadora e imortal
Vultosa visão-imagem

Cantar à morte quiçá
Suicida em suspiro,
Último perto de lá
Tua vida agora retiro

Cala-te a boca em agonia
Chora olho em aflição
Pois não verás do novo dia
Sua luz pérfida em canção’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

Taninha Costa

A voluntária SEBASTIANA ALBINA DA COSTA, mais conhecida por "Taninha Costa", filha de Antônio dos Reis Magos e Francisca Albina da Conceição, nasceu em 18 de março de 1937. Ao concluir o ensino primário aos 17 anos, casou-se com o Comerciante Chico do Canto. Aos cinquenta anos ficou viúva, tendo formado uma família de 04 filhos: Luiza, Galego, Moab e Débora. 

Evangélica, seguidora dos ensinamentos bíblicos, abraçou a obra social como um Ministério do Senhor. Trabalhando nas área carentes do município de Apodi, através das parcerias entre a diaconia, Visão Mundial e LBA, destacamos o atendimento a 417 crianças carentes com merenda e material escolar. Já promoveu Cursos Profissionalizantes de Corte e Costura, Bordado à Mão, Crochê e Datilografia.

Fazia distribuição de sementes e cestas básicas ao necessitados, realizava concertos de canoas e distribuía redes de pesca aos pecadores. Perfurou poços artesianos, viabilizando duas lavanderias comunitárias na cidade e no Sítio Melancias, respectivamente. 

Empreendedora educacional, construiu o Educandário Yolanda Costa na sede do município e uma escola no Sítio Rio Verde. Taninha também distribuía medicamentos e roupas, bem como, fazia empréstimo de trator para o corte de terras dos agricultores do município. Entre tantas ações, Taninha entra para os nossos registros como uma grande mulher que fez e deixou sua marca na história social de Apodi. Atualmente Taninha encontra-se aposenta e mora na Rua Governador Dix-Sept Rosado.  

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci  Viana

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Noite na taverna - Paulo Filho Dantas

“Enchi corpo da amargura
Que teu beijo doce hoje
Só me infla de prazer,
Amanhã aos quatorze
Fusos passados em agonia
Meu corpo somente a ti
Reclama também o teu
Calor que negas ao partir

Meus vícios e paixões em dois
Seres separados por olhares
Diferentes entre si opcionais,
Afogados em tempestuosos mares
Inquietos, insanos e vulgares,
Declamar seu nome em perdição
Mais afiado como ponta de punhal
Branco, frio, aço da traição

E a noite passa sem pressa
Cada segundo hei de procurar
Seus olhos em busca dos meus,
Enlouquecidos ao teu não chegar
Para sufocar minha boca
Como o vinho que resseca
Os lábios sedentos de beijo,
A cabeça ao sombrio arremessa

Á taverna noturna e prostíbula
Que envenena à todos e a mim,
Que mata aos poucos nossos sonhos,
Desodorizando das rosas o carmim
Marcado nas minhas roupas rotas
Pelo seu batom negro-violeta
Algo avítico dum além-túmulo,
Cavando uma corva na sarjeta

Escura, fétida, úmida e enevoada
Pelo frio infernal das madrugadas
Repetitivas, iguais e sem graça,
Te vejo em frente toda enfeitada
Esperando um falso amor,
Para sentir um félico orgasmo,
Por mais uma noite convencer
O sem-sentido da vida, marasmo

E assim mais uma noite perdida,
Passa aos sons confusos misturados
De homens, mulheres e bebidas
Em noites sensíveis de céus estrelados
Ao primeiro ósculo de raio solar
Que toca de leve a fácie ébria
Do desgraçado e da perfídia ao acordar’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

Maria de Abília - Tabeliã

MARIA ROMANA LEITE, conhecida popularmente por "Maria de Abília", filha de Abília Romana de Oliveira e de Luiz Victor de Barros (Sinhô de Cota) , nasceu em 22 de abril de 1925, em Apodi – RN. Concluiu o ensino primário no Grupo Escolar Ferreira Pinto. 

Foi secretária do Coronel Lucas Pinto. Em 1955, foi aprovada no concurso de escrivã e nomeada a primeira mulher escrivã de Apodi, bem como, a primeira mulher a candidatar-se ao cargo de vice-prefeita de Apodi, na chapa do médico José Pinto.

 Exerceu a função de Tabeliã do 2º Cartório Judiciário de Apodi, no período de 16 de junho de 1955 a 23 de fevereiro de 1981. Presidiu a Maternidade Claudina Pinto por algum tempo. Sua característica marcante é a dignidade, e é considerada a embaixadora de Apodi. Maria de Abília é madrinha de mais de 400 pessoas. 

O que mais nos impressiona na figura humilde de madrinha Maria de Abília é sua obra caridosa para com seus familiares, amigos e demais pessoas que a procuram para lhe pedir algum tipo de ajuda, em especial suas comadres e seus compadres. E o mais importante: sempre encontra uma maneira de não frustrar a todos que assim procedem. 

Era imortal da Academia Apodiense de Letras (AAPOL) ocupando a cadeira que tem como patrono o saudoso Desembargador Newton Pinto. Faleceu em 01 de novembro 2008.

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci Viana 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Subsídios para a História da Paróquia de Apodi - Padre Aristides Ferreira da Cruz - Por Marcos Pinto

Padre Aristides Ferreira Cruz

Vigário Colado na Paróquia de Apodi no período 1902-1903. Durante seu pastoreio fez relevantes trabalhos de recuperação da estrutura física da Igreja-Matriz. Teve um fim trágico, quando foi assassinado/degolado pela Coluna Prestes na cidade de Piancó-PB a 09 de Fevereiro de 1926, conforme relato abaixo:
Na Paraíba a penetração do grupo revolucionário foi pacifica a exceção de sua chegada em Piancó, que ocorreu no dia 09 de fevereiro de 1926. Antes, porém, quando do acampamento em Coremas, coube ao Capitão Pires fazer o reconhecimento da próxima cidade que, de acordo com informações previas, não obstacularia a passagem da marcha. Acabou sendo surpreendido em um piquete coordenado pelo sargento Arruda, alvejado com tiros de rifles, saindo ferido e presenciado a morte de seu cavalo. Esse fato provocou a ira do Q. G. acampado que de pronto decidiu por uma varredura completa, sem piedade contra a localidade em evidencia.

Piancó dispunha apenas de 12 praças um cabo, um sargento, 30 paisanos e 2 oficiais ( Manuel Marinho e Antonio Benicio). O governador do Estado João Suassuna, solicitou ao deputado Pe Aristides, chefe político do município, que convocasse a população e se unisse às forças policias, na defesa do lugar. Em telegrama enviado ao parlamentar, o Chefe do Executivo Estadual informou que o grupo dos rebeldes era reduzido, faminto, sem munição suficiente e que um grande reforço policial estava sendo encaminhado ao Vale para se unir a resistência. Um dia antes do ataque o Padre dividiu as forças disponíveis em quatro grupos instalado sem pontos estratégicos. Sobre o clima vivido na referida data, o historiador João Francisco, faz a seguinte citação: “

 Era anoitecer do dia 08 de fevereiro de 1926 em Piancó. Quase cessando o movimento de pessoas nas ruas da Vila. Duvida e apreensão absoluta pairava na mente de todos. Ao longe os cães latiam como que estivessem anunciando a chegada de uma pessoa estranha ou a partida de seu dono. Na Sala Principal da casa, residência do Padre e Família, os mosquitos circulavam as lâmpadas que iluminava o ambiente tenso. Sentados em circulo, o prefeito João Lacerda, seu filho Osvaldo Lacerda, Manoel Clementino ( escrivão do então distrito do Aguiar), Hostilio Gambarra ( distribuidor em juízo), Pedro Inácio Liberalino, José Ferreira e o Padre Aristides Ferreira da Cruz. Falava-se pouco, sempre conversas entrecortadas, nunca um dialogo demorado. Entra na sala uma senhora, de aspecto servil e em silencio, distribui café e chá aos presentes. Era dona Quita, senhora do padre e mãe dos seus quatros filhos então adolescentes: Jorge, Sebastião, Aristides e Joanita.

Novamente a sós, o silencio imperava. Aqui, acolá uma frase curta. Todos sabiam do risco de continuar na cidade. O mais sensato seria procurar sair em busca de proteção, mas longe de tentar convencer o padre dessa idéia.

Logo um alvoroço, uma agitação e entra alguém informando a chegada do cachorro de estimação do senhor José Maria, irmão de D. Quita, e que residia em Coremas. Todos quiseram saber quem o cachorro acompanha. O temor aumentou quando s esoube que este havia aparecido sozinho. Alguém devia estar chegando do visinho município, pôr onde a coluna dos revoltosos passado naquela manha.
As horas avançavam feito chamas. Logo Chegaria o momento da despedida, das recomendações e do adeus. Estava já acertado. Dona Quita, e os filhos e o s empregados deixariam a casa logo mais, permaneceriam o padre mais alguns amigos. Na manhã seguinte, outros que também resistiram, estavam sendo aguardados.

Em meio a agitação gerada em torno da chegada do cachorro, surge a porta, um jovem, apressado, e pede a presença do padre. Uma vez atendido, o mensageiro se identificou e entregou-lhe um papel meio amassado e úmido de suor, com um escrito que dizia: “ Não tente resistir, é uma idéia absurda. Passa de mil homens com armamento a disposição alguns até com aparente falta de disciplina. Desde a manha de hoje Coremas foi invadida por um exercito de guerrilheiros desalmados, cruéis¨. A sala se encheu rapidamente, todos apreensivos fitavam o padre, no seu rosto um a nítida expressão de tristeza. Ele sabia, todos mais uma vez tentariam convence-lo a deixar a cidade, agora com argumento mais sensatos. A aflição do padre poderia ser notada também no semblante desolado de D. Quita e dos filhos. Todos temiam o pior. O Padre estava dominado por uma sensação de impotência. A idéia d e abandonar a cidade não era nada horroroso para um chefe político na sua envergadura. Dúvida cruel. Enquanto o seu orgulho de homem público e de defensor do povo e da cidade, forçavam-no a ficar, uma porção de medo de perder Quita e os filhos, levava-o na possibilidade de fugir.

Os amigos foram unânimes. O Padre devia sair com a família, deixasse um grupo de homens de confiança protegendo a cidade. E instantes depois o Padre consentiu em acompanhar os seus familiares a uma fazenda distante, até os revoltosos saírem de Piancó. O temor da separação deu lugar a agitação da arrumação dos objetos que levariam na viagem. Já havia alegria entre os presentes na casa grande. As carroças e os animais que seriam usados no transporte da família foram conduzidos ate a porta da frente.

Um levava, outro trazia, um outro escutava, mas, o Padre continuava pensativo, distante dali, alheio ao que se falava na vasta sala, pelas janelas fronteiriças seu olhar vagueava mundo a fora. O “ tigre¨ acuado em sua própria morada. Recordou o eca tombe de1922, fazia quatro anos, teve que fugir e buscar junto ao Presidente Epitácio Pessoa, seu chefe, proteção para voltar a assumir o poder do município, foi a mais cruenta e desastrosa contenda coma família Leite. Agora teria que fugir de novo. E o telegrama do governador João Suassuna?. Era a oportunidade ideal de conquistar a simpatia do governante, que por sua vez demos trava mas aproximação com os seus inimigos políticos. Não podia também decepcionar a população local, deixando que os seus bens fossem saqueados e destruídos.

Há instantes da partida votou atrás e mudou de idéia. Bateu o pé e não saiu além da calçada para despedir-se da família. Era esperada uma reação de descontentamento dos amigos o que se deu certamente, mas não convenceu e o Padre ficou.
O inevitável cerco aconteceu por volta das 08:00 horas da manha. Mais de mil homens revoltosos, conduzidos em cavalos recebiam a ordem para avançar contra todos os legalistas. Dois deles bem trajados e armados partem na frente e são recebido as bala pelo Sargento Manuel Arruda, que em um tiro certeiro faz um deles tombar sem vida. Estava desencadeado o maior confronto de todos os tempos, que minutos após já computavam 56 feridos de ambos os lados. A desigualdade era eminente e a ação da fuzilaria que mais parecia um rolo compressor conseguiu espantar os que ainda resistia na cidade. Completado o piquete as famílias haviam fugido e grande partes dos voluntários da luta, desertada. Somente os que ainda se encontravam na casa do Padre Aristides resistiam enquanto o cerco aumentava em proporções assustadoras, chegando a quase cem por um. 

O sacerdote comandava a operação quase perdida disposto a queimar o último dos seus cartuchos. Ao lado de doze companheiros fieis enpunhava uma pistola na mão direita, vestido de branco. Era mais ou menos 15:00 horas quando as esperanças começavam a dar sinais de fragilidade. Nesse momento a tentativa de atear fogo na residência utilizando gasolina era abortada com a morte do Sargento Laudelino, atingido com um abala na cabeça. Era também o instante de encarar a falta de munição para enfrentar os foras da lei. Duas bombas de gás asfixiante foram lançadas no interior da casa, provocando desmaio em Ana Maria d e Lima a senhora convidada pelo Padre para fazer a comida do povo, que a essas alturas já era tomado pó ruma enorme dor de cabeça. A invasão do recinto já estava consolidada com centenas de rebeldes arrombando as portas e janelas, se precipitando casa adentro e cumprindo a ordem de pegar a unhas o líder e seus companheiros.

 Começava então a “ Via Crucis¨ contra o prefeito João Lacerda e seu filho Osvaldo Lacerda; o funcionário Público Manuel Clementino e seu filho Antonio; Rufino Soares, Joaquim Ferreira, José Lourenço, Antonio Leopoldo, Juvino Raimundo, Hostilio Túlio Gambarra, Vicente Mororó e o Padre e deputado Aristides que pedi apara todos garantia de vida, o que só foi concordado até a entrega das armas pelo grupo solicitado. Os dominados são conduzidos para perto da cidade, a uma distancia de duzentos metros onde existia um barreiro, escolhido como o palco da matança. A Seqüência do sacrifício é anunciada para as centenas de Prestistas que compõem o enorme cerco. Primeiro os mais humildes, depois os comerciantes, em seguida o prefeito e pôr ultimo o Padre. Todos foram sangrados e os seus corpos jogados no pequeno depósito natural de água. Padre Aristides no entanto, antes do golpe final na goela foi esmurrado no rosto,apunhalado nas costas, no peito, em partes intimas e em pleno martírio conseguiu reafirmar a sua crença de religioso, dizendo-se um apostolo de Deus.

O Poder destruidor da Coluna Prestes não poupou o patrimônio de Piancó. As casas foram saqueadas, os prédios públicos destruídos e incendiados com a utilização de milho seco do senhor Paizinho Azevedo, moveis do Conselho Municipal e papeis da agencia dos correios. O comercio passou por um completo processo de destruição. A população conseguiu salvar apenas a roupa do corpo. Os prejuízos foram calculado sem mais de dois mil contos.

Dona Antonia César foi a única a mulher que ficou em Piancó no dia da chacina. Durante depoimento contou que após a tragédia se dirigiu ao local para ver o padre morto. “ Tinha um buraco medonho na goela. Metade do corpo dentro d´agua metade de fora. Quando eu reparava no corpo dele, um “ cangaceiro arrebatou o candeeiro da mão ederr4amou gás na cara do padre. Queria queimar o pobrezinho. Eu tomei o candeeiro das mãos dele. Não deixei que tocassem fogo.¨

Pedro Inácio foi um dos sobreviventes da chacina. Estava dentro da casa do Padre quando começou o tiroteio e viu a morte no caminho. Acabou sendo o único sobrevivente pela sorte de ter conseguido fugir sem ser notado. Foi ele o responsável pelo sepultamento dos mortos no dia seguinte.

Por Marcos Pinto - historiador apodiense.

Minha princesa - Paulo Filho Dantas

“A boca que beija
Me faz sentir
A poesia sertaneja
Da lua o luzir

É doce o pecado
Que se origina
Do seio tocado
Pela mão de menina

Menina no olhar,
Moça que cicatriza
Mulher ao amar
Sua juventude eterniza

Versos tão singelos
Compostos ao pensar
A cabeça aos martelos
Meu coração desejar

Minha vida é sua,
Minha alma te pertence,
Quero verdade nua
Em noite rio-grandense

Tantas plagas andarei
Para rosto teu fitar,
Corpo belo sonharei
Madrugadas ao luar

Habite meu coração
Ou ele é todo teu,
Viva toda emoção
Frio que te esqueceu

Não se escondas
Do meu abraço,
São como as ondas
Procurando terraço

Que eu caia
No carinho desejado
Areia fina praia
Comtemplo-a calado

Sem você a vida
É triste e sozinha,
Muitas vezes lida
História com princesinha

More em nosso castelo
Princesa meiga, sensual,
Receba poema singelo
Dum ser imaterial

Meu corpo não obedece
Á alma que afaga,
A cabeça ao esquece
Da fêmea inda amada’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

domingo, 12 de janeiro de 2014

Descanso - Paulo Filho Dantas

“Tua alma descansa impávida
De contento sublime
Inexorada em manhã Plácida
Teu ser a um nebline

Frio e fino nesta tarda
Úmida, cálida e ferida
Paixão antiga moí e arde
Feito árvore frondosa distanciada

A um só tempo tentarei
Conseguir os olhos que verei
Ao longe não me desviar

Queria fazer bem mais
Para teu ímpar capaz
Do nosso eterno caminhar’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Mariinha Barbosa - Folclorista


A folclorista MARIA BARBOSA DE MELO, conhecida por "Mariinha Barbosa", filha de Enéas Felipe Barbosa e D. Maria Eulina de Melo, nasceu no dia 18 de fevereiro de 1931. Exerceu a profissão de Professora Estadual durante 32 anos, trabalhando em sua residência. 

No período de 1961 a 1981, lecionou na Escola do Centro Social Enéas Barbosa, no Sítio Água Fria, do qual foi também secretária.

Apaixonada pela cultura e pelas artes, a educadora Mariinha Barbosa promoveu festividades de todos os gêneros, quadrilhas juninas, peças teatrais, pastoris e danças das mais variadas categorias. Colecionava fotos e histórias, e, em razão de morar numa comunidade distante da sede do município, aprender, através da necessidade de sobrevivência, os segredos da medicina caseira e as técnicas da produção artesanal de licores. 

Mulher dinâmica, de vasto conhecimento cultural adquirido pelas experiências da vida, gostava muito de dialogar, sempre buscando a aprendizagem. Faleceu em 08 de novembro de 2004, deixando uma grande lacuna na educação da área rural e uma família enorme que ela, juntamente com sua irmã Albaniza, adotaram como filhos e tiveram a incumbência de orientá-los para obtenção da integridade na vida. 

Fonte: Paisagens Femininas de Apodi - Maio de 2006 - Vilmaci Viana 

Coisas de gente grande - Paulo Filho Dantas

“Tolice pensar sem sentir,
Inútil querer sem desejar,
Nada vale ser livre e iludir,
Ver os sonhos, um a um, acabar

Desespero poder e não conseguir,
Tragédia cair lágrima sem chorar,
Inebriaguez é melhor que mentir
Toque de perto querer abraçar

Inevitável na vida prosseguir
Desesperançosa se torna a partir
De um longo e incerto esperar

Cômica comigo a aturdir
Minha mente ameaçando cair,
No infinito mar azul vou cantar’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Noites - Paulo Filho Dantas

“Quem me dera uma vez
Poder ao longe tocar
A imagem formosa abraçar
Do verso que se desfez

Logo não seria tão copiosa
As estrelas do céu saturno
Enxergadas no período diurno
Pela pura virgem famosa

Bela juvenil que encanta
Ingenuidade quebrada pelo toque
Na matéria da briosa famosa

Sussurra um nome ao invoque
Cobrindo-se com a manta
Molhada e suada em mote’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho 

Uma professora leiga futurista - Por José Lopes de Oliveira

UMA PROFESSORA LEIGA FUTURISTA

Por JOSÉ LOPES DE OLIVEIRA¹

O Brasil é o país líder mundial no fenômeno da mobilidade social da sua população, antes predominantemente rural, hoje majoritariamente urbana, conforme estudos publicados e divulgados na revista Veja. Os atuais empreendedores seja na área privada ou na área estatal, nos mais diversos ramos de serviços, são oriundos das classes sociais mais baixas. Estas conquistaram largos espaços; galgaram muitos degraus na pirâmide social; foram agentes de transformação social e econômica deste país. 

Neste contexto se assenta a professora leiga, titular de uma escola rural do Município de Apodi, Estado do Rio Grande do Norte, que veio ao mundo com a missão de vencer barreiras, o que fez com maestria. Era considerada por seus alunos e por quem a conhecia: “a mais adiantada mestra da região”. O que significava um professor adiantado? Era o educador capacitado, bem instruído, que ensinava bem; seus alunos aprendiam.

Diziam os educadores da sede urbana de Apodí: os alunos vindos daquela escola rural, em que pese autorizada a lecionar somente até o 3º ano primário, chegam bem preparados, recebem ensinamento além do conteúdo exigido para o 3º ano; eles não têm dificuldade para continuar os estudos na cidade. Concluem facilmente o curso primário e quando querem prosseguir nos estudos ingressam sem obstáculo no curso ginasial.

Para os que não sabem, até os idos dos anos de 1960, o curso primário só se completava com o 5º ano. Era a primeira fase do hoje ensino fundamental, que, àquela época, se dividia no curso primário (cinco anos) e no ginasial (quatro anos). Eram nove anos, sem contar o período de alfabetização, tudo para concluir o que se chama hoje de ensino fundamental, para em seguida ingressar, no segundo grau, este hoje denominado de ensino médio.

Essa professora, bem formada no seu curso primário, procurava transmitir todo conteúdo que aprendeu, mesmo lecionando somente da alfabetização ao 3º ano primário. Por isso seus alunos andavam bem no 4º e 5º ano primário nas escolas da cidade. Por isso, essa professora, que concluiu o velho curso primário na década de 1940, era elogiada pelos professores da urbe. Tem um particular: quando ela fez o 5º ano primário, naquele mesmo ano, houve o encurtamento do referido curso que antes só se encerrava no 6º ano. Mais adiante já se concluía o primário no 4º ano; ao final, como é hoje, o primário se fundiu com o ginásio integrando o 1º grau passando a se concluir este na 8ª série.

A seguir, uma síntese da origem e da trajetória desta professora rural leiga, a senhora MARIA ANÁLIA DE OLIVEIRA, principalmente no período compreendido na segunda metade do século passado nas escolas rurais dos Municípios de Caraúbas e Apodí no Estado do Rio Grande do Norte, conforme a seguir.


A senhora MARIA ANÁLIA DE OLIVEIRA nasceu em 20/10/1928, no Sítio Campos, hoje distante cerca de dois quilômetros da sede municipal da cidade de Umarizal/RN; filha de JOSÉ ANTONIO VALDEGER e ANÁLIA ALCIDIA DE OLIVEIRA; era a primogênita das 22 gestações que a sua mãe teve, das quais nasceram 16 filhos que chegaram à maioridade.

Como a primogênita da numerosa família, logo recebeu a incumbência de ajudar a administrar a casa e a criar os seus irmãos mais novos, sendo compreensiva a delegação recebida, pois eram muitos filhos para ficar apenas por conta dos seus pais, na verdade, da mãe, nossa avó. Em conseqüência começou a ser construída sua personalidade: uma mulher forte, ética, rígida, decidida, trabalhadora, patriota, religiosa e muito honesta. Dos bens materiais só lhes interessavam aqueles adquiridos com o seu próprio suor. Muitos dos seus irmãos, até hoje, reclamam das punições físicas que recebiam daquela irmã mais velha, não sendo diferente com os seus próprios filhos. Uma mulher simples, do meio rural, que viveu no século 20 com uma visão muito a frente, do terceiro milênio. Sempre foi adiantada no lugar e no curto tempo que aqui permaneceu.

Apesar das enormes atribuições que recebera ainda criança, não se descuidara de freqüentar a escola, tendo estudado até o 3º ano primário em Umarizal, onde foi colega de classe, só para ilustrar, do ex-senador JOSÉ DE SOUZA MARTINS, que a tratava pelo apelido de Bilía. Fez o 4º e o 5º ano primário na cidade de Martins/RN, por não existir habilitação da escola de Umarizal para ali concluir o curso primário. Morou de favor na cidade de Martins. Recompensava a recepção logística prestando serviços domésticos à família que lhe acolheu. Dizia que não desperdiçava tempo para estudar. O fazia até a noite, aproveitando o claro natural da lua. É de se imaginar que naquela época nem luz elétrica existia em Martins/RN.

Terminou o curso primário aos 15 ou 16 anos, como visto acima, na aprazível cidade de Martins/RN. Confessava a frustração, por seus pais, pobres e com tantos filhos, não possuírem meios financeiros para ela cursar o ginasial, à época, existente somente nas cidades de Mossoró e Natal. Seus pais justificavam que precisavam alfabetizar os demais filhos e não podiam custear seus estudos em Mossoró, cidade, aquela época, considerada muito distante de Umarizal. 

Certamente naquele tempo, ou seja, na primeira metade do século XX, faltavam estradas para os quase inexistentes e precários transportes motorizados, restando como alternativa mais comum o lombo de animais de carga (tropas de burros) ou dos transportes puxados por estes (carroças, carros de boi) ou viajar a pé. Era difícil se deslocar de Umarizal para Mossoró e muito mais distante ficava Natal. 

Hoje o governo proporciona o transporte escolar no meio rural; o que é censurado é a falta destes em alguns lugares ou a qualidade dos referidos transportes noutros. Quanta evolução em tão pouco tempo comparadamente àquela difícil época, de quem, como Maria Anália, desejava alcançar os mais altos níveis da educação ministrável e foi impedida pelo atraso, pelo subdesenvolvimento, pelas dificuldades naturais daquele período, etc.

Impossibilitada de continuar com os estudos formais, ou seja, freqüentando a escola, não largou a sua principal determinação, vocação, que era a educação. Se não tinha mais acesso os bancos escolares para ampliar seus conhecimentos, foi dividir o que adquiriu com quem não o possuía. Então, partiu para lecionar.

Na primeira oportunidade que teve, deixou a casa dos pais. Foi residir no Sítio São Geraldo, na região de várzea do Rio Apodí, no Município de Caraubas, hospedando-se na casa do senhor conhecido, se não me falha a memória, por TIÃO NORONHA, onde passou a lecionar. Morando no Sitio São Geraldo lecionou também na escola do Sítio Boagua na região do açude ou da lagoa do apanhapeixe.

Foi no Sitio São Geraldo que conheceu o jovem e determinado trabalhador rural JONAS LOPES DE OLIVEIRA, analfabeto, operário do senhor SILVÉRIO MARINHO, com quem se casou no dia da festa de São Sebastião, em Caraúbas, no ano de 1950. Foi um casamento surpresa, apelidado, à época, de casamento americano. Devia ser uma forma mais moderna, dado o nome (americano). Tratava-se de casar sem avisar aos pais. 

Naquela época, o normal, seria pedir aos pais a mão da moça para casamento. O seu Jonas a pediu apenas para namorar. Olha, precisava até pedir autorização para namorar! O casamento americano, certamente era mais vantajoso, mais econômico, pois deixava de oferecer e custear festa, começando desde então à vida disciplinada e de economia do seu Jonas Lopes e dona Maria Anália, para proporcionar o melhor para a família que paulatinamente construiriam com o nascimento dos filhos.

Nasceram seis filhos. Só cinco se criaram, ou seja, chegaram à idade adulta. Destes, nasceram no Sitio São Geraldo: o primeiro que viveu cerca de um mês; o segundo ou o primeiro sobrevivente, o autor deste relato, JOSÉ LOPES DE OLIVEIRA e o segundo sobrevivente, JULIMAR LOPES DE OLIVEIRA, hoje domiciliado na cidade de Pimenta Bueno, no Estado de Rondônia, onde é servidor público federal, do quadro do INCRA.

De São Geraldo a jovem família foi morar no Sitio Língua de Vaca, ainda no Município de Caraúbas e na região da várzea do Rio Apodi, não muito distante de São Geraldo, por na localidade ter a época um grupo escolar, onde dona MARIA ANÁLIA foi destacada para lecionar. Seu JONAS continuou operário do senhor SILVÉRIO MARÍNHO. No sítio Língua de Vaca, nasceu a primeira filha do casal e terceira na linha sucessória dos vivos, ANTÔNIA MARLY DE OLIVEIRA  hoje residente na cidade de Cacoal, no Estado de Rondônia, onde é funcionária pública Estadual, no quadro do Tribunal de Justiça.

O casal trabalhava muito, pois o seu JONAS passava o dia para várzea do Rio Apodí, como operário do senhor SILVÉRIO MARINHO. No período chuvoso, quando tinha inverno, o seu JONAS laborava na agricultura. Já no verão, cortava palha de carnaúba e fazia todas as demais atividades de beneficiamento do produto até chegar à apuração da cera de carnaúba, uma árvore nativa, da família das palmáceas, donde se aproveitava tudo (pó, palha, talo e caule) e já foi muito importante na economia daquela região no século passado.

A professora MARIA ANÁLIA, por outro lado, lecionava no grupo escolar de Língua de Vaca, cuidava dos três filhos pequenos e ainda confeccionava roupas para ambos os sexos e idades. Também era exímia fiadora e tecelã, ou seja, uma artesã de primeira. Construía peças de tricô, bordava, etc. Era quem fazia todo o enxoval dos filhos durante o período de gravidez. Com exceção da MARLY, todos os demais filhos nasceram assistidos exclusivamente por parteira, a sua mãe, a nossa avó Anália.

Com o árduo trabalho campesino, ao final de cada ano, seu JONAS, ao fazer o encontro do serviço prestado com as contas objeto de fornecimento de viveres ou adiantamento em dinheiro obtido do patrão SILVÉRIO MARINHO, sempre tinha saldo. Com este, comprava um animal, seja uma novilha bovina ou uma cabra (caprina) boa de leite. Assim o seu JONAS e a dona MARIA ANÁLIA começavam a criar os filhos e, com muito trabalho e economia, a formar um singelo patrimônio material para o futuro, visando à formação intelectual dos filhos.

Mas como nem tudo são flores, no ano de 1958 teve uma das maiores secas do nordeste brasileiro, oportunidade em que a família perdeu as duas vaquinhas de leite que tinha. Uma, a vaca chamada Fortuna, morreu chifrada por outras disputando Chique Chique e Cardeiro queimados, que eram servidos como alimento aos famintos animais, em face da horrenda seca. Essas cactáceas serviam de alimento até para os humanos. O miolo do Cardeiro, assado, tem ligeiro sabor de macaxeira, é o que lembro quando o experimentei ainda criança. A outra vaca, que não lembro o nome, morreu em conseqüência da mordida de uma cobra cascavel. Mas o importante é que a família sobreviveu àquela seca. Na oportunidade o seu JONAS prestou algum serviço nas frentes de emergência; recebia como pagamento do serviço de cassaco: Feijão Preto, Farinha, Jabá, etc., lembra muito bem o autor deste escrito.

Em 1960 é que tem início a saga da professora MARIA ANÁLIA e sua família no Município de Apodí. Seu marido, o seu JONAS, fora convidado pelo proprietário de terras na Chapada do Apodí, o senhor ABILIO SOARES DE MACEDO, conhecido por todos pela alcunha de Mestre Abílio, para ser vaqueiro do mesmo e para que a dona MARIA ANÁLIA lecionasse naquela longínqua localidade, distante 21 km da sede do Município de Apodí. 

O seu JONAS substituiria o senhor PAULO DE MANÚ que se despedia da função de vaqueiro de Mestre Abílio e, a dona MARIA ANÁLIA, substituiria a esposa do vaqueiro que saia, a senhora conhecida por JÚLIA de PAULO, que atuava como professora naquele lugar, denominado Sítio João Pedro, sede da Fazenda de Mestre Abílio, localizado a uma légua e meia de distância do Sítio Soledade e há três léguas e meia da cidade de Apodí.

Foi em 20 de janeiro de 1960, também no dia de São Sebastião, que a família, transportada num Caminhão Chevrolet modelo 1948, de propriedade de JOÃO DE ARTUR, conduzido por ALDECÍ DE MARTINHA, pai do apodiense hoje professor de educação física ALDECÍ BEZERRA JUNIOR conhecido como JUNIOR DE ALDECI, mudou-se para o sítio João Pedro, no Município de Apodí, para atuar nos sobreditos ofícios (vaqueiro e professora).

A professora Maria Anália, comprometida com seus desígnios, acabara de chegar às terras apodienses, para lecionar naquela isolada localidade rural. Afirmava dona Maria Anália que alguns dos anos que lecionou nas localidades anteriores, no Município de Caraubas, não teve remuneração, uma prova de que a sua missão estava acima dos bens materiais. Foram nove anos prestando serviços ao Município de Caraubas, sem nomeação, somente como prestadora de serviços.

Quando veio para o sítio João Pedro, apesar de que já passara por ali e lecionara a senhora JULIA DE PAULO, a escola ainda não se encontrava formalmente criada. Mas, não demorou muito, por empenho do patrão Mestre Abílio, o Estado oficializou a criação da escola com o nome de Escola Isolada Sítio Soledade, apesar de localizada no sítio João Pedro e, a localidade de Soledade ficar há uma légua e meia de distância dali. Deve ter havido algum equivoco na denominação, mas, o importante, é que a escola foi criada, e a professora fora contratada pelo Estado do Rio Grande do Norte. 

Acabara, portanto, de ser criada uma escola estadual numa longínqua localidade, na Chapada do Apodí, que todos que desconheciam a denominação de qualquer local naquela região, generalizavam chamando apenas de: a serra. A família foi morar e trabalhar na serra. Maria Anália começou a lecionar logo que chegou, antes de ser nomeada. Deve ter trabalhado sem remuneração por algum tempo aguardando a nomeação.

A população residente no sítio João Pedro, principalmente da circunvizinhança, especialmente da localidade conhecida por Quixabeirinha, era um povo simples, de costumes antigos, normalmente casados entre parentes, cujo patriarca era conhecido como JOÃO DE ZEFA. Povo ordeiro mais bastante primitivo. 

Aquelas famílias descendentes ou parentes do senhor JOÃO DE ZEVA viviam mais de atividade extrativista, ou seja, da caça, da extração de madeira, da coleta de mel silvestre, etc. Cultivavam pouco e quase só para subsistência. Não plantavam frutíferas, ou seja, não tinham pomar. Sequer plantavam verduras para tempero como: cebola, coentro, etc. Não tinham o hábito de criar pequenos animais (galinha, guinê, peru, pato, porcos, caprinos, etc.). Ainda existia fauna silvestre àquela época como: o veado, o porco do mato, o gato maracajá, etc., para suprir a dieta alimentar daqueles moradores primitivos da serra, ou seja, da Chapada do Apodí.

Diante dessa vida de economia extrativista da população local, quando a professora e sua família chegaram ao Sítio João Pedro, era dito por todos que o senhor Mestre Abílio arrumara um vaqueiro e uma professora ricos, pela simples razão de que trouxeram na mudança: uma cabra boa de leite, um saco de farinha, um saco de açúcar, um saco de rapadura, uns sacos de feijão, uma lata de 20 litros de querosene jacaré e alguma mobília como cristaleira, mesa com cadeiras, tamboretes, talheres e outros. Ficara para traz, vindo em outra oportunidade uma novilha bovina filha daquela vaca Fortuna, aquela vaca que morrera disputando chique-chique e cardeiro queimado. Em homenagem a mãe a filha também recebeu o nome de Fortuna. Escapou da seca de 1958, uma fortuna para seus donos.

Os simples habitantes da região, quase todos, não possuíam móveis. Quando eram visitados ofertavam as redes ou tocos (cepos) de madeira para o povo sentar. Não possuíam o costume de guardar viveres para os dias vindouros, ou seja, não acumulavam quase nada. Os filhos de muitos andavam nus até os 15 ou 16 anos de idade. Era o modo de vida deles e que todos respeitavam e com quem a professora lidou para promover radicais mudanças através do ofício educacional.

Uma das grandes missões da professora MARIA ANÁLIA, além de combater o analfabetismo na região, foi estimulá-los a criar galinha, guiné, etc. Foram muitas e muitas vezes doando casais de pintos para as donas de casa, para que as mesmas começassem a criar. Das primeiras vezes não funcionou. Como todo ano as mulheres ficavam grávidas, logo que os pintos cresciam, ficavam franguinhos, o matavam sob a alegação de que tiveram desejo de tomar um caldo de galinha e, que, se não o fizesse abortavam. Lá ia a dona Maria Anália doando mais uma ave doméstica para suprir a que fora abatida, quando não tinha que doar novamente um casal das referidas aves.

Quanto a fruteiras, na casa da professora tinha pés de mamão, banana, seriguela, horta de verduras, etc., e ninguém cultivava isso. Foram vários anos para que começassem a adotar esses novos costumes. Vale registrar o costume de alguns da comunidade da quixabeirinha dividir a caça (tatu, peba, jirita, tamanduá, etc.) com a professora, em troca de que ela fornecesse o tempero (sal, nata de leite, pimenta do reino, etc., e também farinha). Era o sistema primitivo de troca, comum na antiguidade e presente nos costumes daquele povo em pleno século XX.

Tudo que havia de moderno e acessível às condições econômicas da professora e do seu marido foram adquiridos e trazidos para região em primeira mão pelos mesmos. Na localidade de João Pedro, o primeiro Rádio de Pilha, foi adquirido pela professora, por volta de 1961 ou 1962, um rádio da marca SEMP, adquirido em Apodi na loja do finado João de Deus. Aos domingos a casa da professora recebia dezenas de visitas dos que vinham somente assistir o rádio. Sentavam perto do aparelho e ficavam de olho fixo no mesmo, como se querendo enxergar quem estava falando no interior do rádio. Olhos brilhantes e inocentes sem compreender como que acontecia aquele milagre tecnológico das ondas magnéticas. O programa mais assistido aos domingos a tarde era de uma Rádio de Limoeiro do Norte/CE, através do qual as pessoas ofereciam músicas para homenagear amigos, familiares, namorados(as), aniversariantes, etc. Ouvi muito, dentre outras, as músicas: o baile da tartaruga; a escolinha do carequinha; rancharia; etc., no programa dominical daquela Rádio. Também, ouviam-se muito os programas dos repentistas: Antonio Nunes e Juvenal Evangelista; José Pereira e Justo Amorim; João Liberalino e Elizeu Ventania; e, etc. 

Em 1966, a professora e o seu marido, com o fruto de seis anos de muito trabalho, às vezes de até 18 horas por dia, colhidos pelo pagamento de um bezerro a cada quatro que nascia na Fazenda de Mestre Abílio (chamado de tirar a sorte, significava que de cada bezerro que nascia o vaqueiro tinha direito a um quarto e essa era uma das formas de remuneração por tratar do gado bovino, o salário do vaqueiro), mais a venda diária de leite na cidade de Apodí, conduzido pelo seu JONAS, por muitos anos de bicicleta e, por ultimo, quando progrediu mais, num Jeep, adquiriram o foro de uma propriedade rural, vizinha ao Sítio João Pedro, com área de 200 hectares, até hoje pertencente aos seus filhos.

Naquela oportunidade, a família deixou de ser sem terra e o vaqueiro passou a cuidar dos seus próprios animais e da recém adquirida terra, sem qualquer ajuda de programa oficial de reforma agrária, ao contrário do que existe hoje. Nesta propriedade é que a professora trouxe a primeira televisão para região, funcionando a bateria. Não existia eletrificação rural na época Em seguida, outros adquiriram televisão.

Foi no sítio João Pedro que nasceram seus dois últimos filhos: JONAS LOPES DE OLIVEIRA JUNIOR, hoje servidor público federal do INCRA em Natal/RN e, MARLICE LOPES DE OLIVEIRA, a única residente em Apodí, graduada em Ciências Contábeis e hoje ocupando o cargo de Secretária Municipal de Finanças do aludido Município.

Foi o filho primogênito da professora quem primeiro saiu da escola rural para completar os estudos na cidade. Inicialmente terminando o curso primário em Apodí e, logo em seguida, foi para Mossoró, onde se graduou em Engenharia Agronômica no ano de 1976. Foi a partir da saída dos filhos da professora Maria Anália para continuarem os estudos que os filhos do patrão também seguiram o exemplo, como é o caso de FÁBIO SOARES LINS e CLAUDINA SOARES LINS, todos graduados, dentre outros que galgaram a academia tendo sido alfabetizados pela professora MARIA ANÁLIA.

Também a professora abrigava em sua residência filhos de parentes e amigos, que vinham para ser alfabetizados e estudarem até o 3º ano primário. Só para citar um exemplo, tem o senhor JOSÉ WANDILSON DE OLIVEIRA, sobrinho do seu JONAS, que dentre vários, passou por essa experiência com àquela mestre. Hoje o senhor JOSÉ WANDILSON é vereador no Município de Felipe Guerra/RN, já na terceira ou quarta legislatura.

Em 1980, para fazer companhia a filha caçula MARLICE, para que a mesma desse continuidade nos estudos iniciados naquela escola rural, a professora fixou residência na cidade de Apodi. Nessa época, o seu filho mais velho já se encontrava em Rondônia, para onde se mudou em 1977. A professora ainda prestou serviços em colégios da cidade de Apodí até conquistar a aposentadoria.

Maria Anália, por onde passou, sempre se firmou com a sua capacidade natural de ensinar e liderar. Não foi diferente na cidade de Apodí. Procurava participar de tudo, sempre ansiosa por aprender mais, apesar de já muito prendada. Não perdia cursos de bordado, para se aperfeiçoar no que já fazia há muitos anos. Fazia cursos de pintura. Já havia terminado o segundo grau e pretendia ingressar na faculdade.

Logo no primeiro ano de residência na cidade, com sua dedicada atuação na comunidade católica, assumiu a organização denominada Legião de Maria, e participava de vários eventos, inclusive no interior do Município, auxiliando as atividades da Paróquia de Apodí. Era a demonstração da liderança que sempre teve, onde quer que estivesse, inclusive na família. A última palavra na família era sempre a dela. 

Voltando a sua dedicação pela religião, teve um sonho não realizado. Pretendia que pelo menos um filho se ordenasse padre, o que não ocorreu. Esse desejo deve ter surgido na época em que morou na casa de uma família na cidade de Martins, quando foi concluir o primário. Um dos filhos desta família ordenara-se padre. Era o padre Militino, segundo ela.

Como guerreira, educadora, mãe exemplar e esposa que foi, quis o destino que saísse desse plano mais cedo, vindo a falecer precocemente no ano de 1984, com apenas 56 anos, sem ter conseguido o sonho de mudar com o restante da família para o Estado de Rondônia, logo após formasse a filha caçula. Foi servir a Deus, diretamente no Céu. Não teve tempo de curtir os nove netos que os seus quatro filhos casados lhe deram, uma descendência familiar muito menor do que a deixada pelos seus pais que tiveram vivos 16 filhos. Já tem dois bisnetos que somados aos netos ainda não alcança o número de filhos deixados por seus pais.

A escola que fundou em 1960, instalada inicialmente no sítio do patrão Mestre Abílio e, posteriormente, no sítio da família, aquele adquirido em 1966 do senhor JOÃO BENÍCIO, funcionava sempre na própria casa em que a professora e seus familiares moravam, cujo cômodo, durante o dia servia a escola, e a noite se acomodavam os filhos para dormirem. 

A professora que a substituiu na escola rural a partir de 1980, ainda se encontra ali lecionando. Foi aluna da alfabetização até o 3º ano primário da professora MARIA ANÁLIA. Concluiu o Ginásio na sede do Município, Apodí. Trata-se da professora RAIMUNDINHA, conhecida como Raimunda de Zé dos Toucos. Foi pelo esforço da professora MARIA ANÁLIA que a escola não fechou quando a mesma mudou para cidade. Brigou junto aos dirigentes políticos e conseguiu que a sua ex-aluna fosse contratada para que aquela comunidade continuasse se servindo daquela tradicional escola rural.

No ano de 2004, aquela escola foi descoberta pela imprensa. No dia do professor a rede globo mostrou em horário nobre, ou seja, no Jornal da Globo, no interior do Estado do Rio Grande do Norte, no Município de Apodí, a escola rural funcionando debaixo do alpendre da casa sede do sítio.

Em razão da matéria da Rede Globo de Televisão, o poder público resolveu por construir o primeiro prédio escolar para abrigar a referida escola que por 45 anos funcionou sempre na residência da professora, conforme foi demonstrado na reportagem.

Ali, até hoje, uma só professora, leciona da alfabetização ao 3º ano primário, o que não é pedagogicamente recomendável, mas este fato continua a ocorrer em várias localidades deste país. Apesar de pedagogicamente reprovado atualmente, foi dessa forma que a Professora MARIA ANÁLIA, com muita sabedoria e determinação lecionava da cartilha do ABC até o 3º primário para uma média de 35 a 45 alunos, todos ao mesmo tempo. Muitos dos seus alunos venceram estas carências e se graduaram e até Pós graduaram, como é o caso do autor deste texto.

Há ex-alunos daquela modesta escola, alfabetizados e instruídos até o 3º ano primário pela professora Maria Anália, que moram em longínquas regiões do país. Fazem questão, até hoje, de visitar a localidade da escola que lhe oportunizou sair do analfabetismo. Demonstram muito orgulho do aprendizado que aquilataram daquela professora leiga. 

Estes ex-alunos quando ali retornam se emocionam. Regam aquele solo com lágrimas. Agradecem a oportunidade que tiveram de servirem-se do saber transmitido por aquela magistral professora rural. Para citar apenas um, tem o senhor Pedro Virginio, que há anos migrou para as regiões sul e sudeste do país. Atualmente vive no Estado de São Paulo. Sempre que vem visitar os familiares no Rio Grande do Norte vai até a escola, visita a atual professora (RAIMUNDINHA) de quem foi colega na mesma escola; ele faz reflexão do seu passado; se diz feliz por viver bem, sentir-se cidadão, etc. Diz que rememora e repassa um filme da sua vida pretérita. É um dentre as dezenas que adquiriram a dignidade indispensável à pessoa humana; que não ficaram para engrossar as filas dos sem terra, sem teto e das bolsas esmolas; conseguiram migrar para a classe média, no fenômeno da mobilidade social anunciado no início deste texto.

São de brasileiros ou de brasileiras da estirpe da professora Maria Anália que temos de nos orgulhar e de registrar sua memória para posteridade num país que, apesar dos avanços, ainda teima em cultivar grandes desigualdades sociais. Por isso, além de ser seu filho, grato por ela e meu pai ter me oportunizado conquistar a verdadeira cidadania, dediquei algum tempo para buscar na memória e registrar essas lindas lembranças, homenageando minha mãe Maria Anália, e também, sem esquecer de exaltar a figura do grande Pai, o senhor Jonas Lopes, todos verdadeiramente família.

Porto Velho, 20 de julho de 2010.

2. Graduado em Engenharia Agronômica no ano de 1976 pela Escola Superior de Agricultura de Mossoró; Engenheiro Agrônomo do INCRA/RO desde abril de 1977. Bacharelado em Direito pela ULBRA de Porto Velho/RO em 2008. Advogado em 2009. Filho mais velho da Professora.

JOSÉ LOPES DE OLIVEIRA
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